Colunista Convidado #01 André Chuwarten

TUBO DE AÇO por André Chuwarten

Para onde essa linha conduz
Destino trágico, as pessoas sacolejando como massa morta
Uns viajando de frente e outros de costas
Isolados nas bolhas dos fones de ouvido
O que devem estar ouvindo?
Reclamam aos gritos do breake
Sujeito faceiro
Roubando o cheiro de cabelos regados a creme
Existem os loucos que aos poucos se tornam normais
Voltam a ser loucos quando aportam nos terminais
Existem os belos do bus
As gatas que descem antes da gente
Do lado de fora a avenida ferve
Parece até febre o que tem o dia
Tens uns muitos dormindo
Sonhando e pedindo para o sonho durar
Outros carregam no colo a fome
Guardam para noite
Se o rango sobrar
Alguns passeiam de graça
Se é bom ou ruim eu não sei
Gente que olha de banda
E julga
A coisa parece uma bala
Dessas do Japão
Recorta na curva
De forma tão bruta que quem estava sentado levanta
Quem estava de um lado vai para o outro
Dentro da bala tem pólvora
Combustível do dia
Não é só gente
É máquina
Movidos por promessas de graças
Pelo ganha pão da cachaça
Pelo som do despertador
Galo mecânico
Madrugador movido a células de Lítio
Acabo de ver uma moça pintada olhando para o nada
Está cansada
Imagina o Rio vazio
A calmaria da alma
Palmos e palmos de nada
Sem construções
Pessoas e balas
Amanhã vai haver mais
Pobre gente
Pouco espaço
Mais tempo amassado
No tubo de aço
Movido a gasolina
Dinheiro
Cansaço





André Chuwarten é Compositor, Escritor, Poeta e Cantor do Trio Mangalô.





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